Gestão Hospitalar: Crise, Planejamento e Desenvolvimento

Sim, caro leitor. Crise, planejamento e desenvolvimento. É a hora da diferenciação. Hora de ver quem tem café no bule! Adeus para quem não se mexer, quem não inovar. Os clientes estão sumindo.

De dez/2014 à dez/2016, 2.8 milhões de usuários abandonaram seus planos de saúde.

É muita coisa.

Sustentabilidade sempre foi um tabu no segmento. Até hoje, não temos um modelo adequado de precificação de serviços hospitalares. Muitos hospitais dependem fundamentalmente da receita com materiais e medicamentos, ganhando mais em uma lógica comercial de repasse de produtos com margens do que propriamente em prestação de serviços. Distorção danada, que o usuário comum não consegue entender, e não está disposto a pagar.
Enquanto isso, dilemas éticos e morais batem à porta, suscitando reflexões que envolvem o padrão dos serviços oferecidos, sobre as premissas de relacionamento com os clientes, em diversas óticas: qualidade, humanização, experiência do paciente, envelhecimento populacional, protocolos, desfechos, e por aí vai...
As instituições hospitalares de referência no pais já estão mudando, diversificando suas frentes de atuação, promovendo patamares superiores de relacionamento (Compliance), e revendo suas estruturas e projetos para atender às exigências e anseios dos novos clientes.
As operadoras de saúde também estão mudando... cada vez mais críticas em seus processos de autorizações, com auditorias médicas e assistenciais cada vez mais exigentes, amparadas por sistemas de gestão inteligentes...
É, caro colega. Tá difícil. Hora de planejar direito, de escolher.
Olhar para dentro, rever processos. Eliminar aquilo que não representa valor para o paciente. E tem, viu... como tem! Em todo lugar...  com fornecedores, com terceiros, com corpo clínico, com colaboradores... gordura pra todo lado. A Crise, neste prisma, é uma coisa boa. Exige conhecimento do cliente, foco, criatividade e trabalho duro.
Cabe a nós, gestores hospitalares, conduzir e estabelecer novos patamares competitivos, com serviços produtivos e sustentáveis. É a pauta do momento, e já não é nova. Para ilustrar este desafio, replico um trecho da “Carta ao Leitor”, do “Observatório ANAHP 2016” (disponível para download no site http://anahp.com.br/), onde o presidente do Conselho, Dr. Francisco Balestrin, há cerca de 1 ano já detalhava o esforço dos hospitais em readequar seus custos:
• A taxa de crescimento da receita líquida em termos nominais foi de 5,4% em 2015. Considerando a inflação do período pelo IPCA, houve uma redução de 3,3%.
• O ritmo de crescimento da despesa total em termos nominais foi de 9,6% em 2015. Considerando a inflação do período pelo IPCA, observa-se em termos reais uma variação de 2,0%.
• Os indicadores referentes à despesa total por paciente-dia e receita líquida por paciente-dia cresceram 9,4% e 5,1%, respectivamente, evidenciando uma redução progressiva das margens operacionais.
• A variação do indicador da despesa total por internação avançou 6,4%, abaixo da taxa de inflação oficial do país no período, medida pelo IPCA. Já a receita líquida por internação cresceu somente 2,3%.
• O prazo médio de recebimento se manteve elevado em 2015, 74,8 dias.
Ou seja, vivemos o limiar da ruptura do modelo atual, e temos a responsabilidade de estabelecer um novo momento, de alto desempenho, com o ajuste de nossos processos e rotinas, de transparência e ética, com relacionamentos pautados por gestão e produtividade, e desenvolvimento vinculado ao conhecimento do core business, baseado nas características desejadas por pacientes e familiares.
Olhem para os novos concorrentes, olhem para as novas plataformas de relacionamento, para os novos aplicativos que oferecem outra dinâmica de entrega. Abram espaço para as startups, para o big data, para a inovação. Não há outro caminho.
As oportunidades existem, aos montes.
Vamos em frente.

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